NÃO RESOLVA OS PROBLEMAS DOS OUTROS

COISAS QUE APRENDI SOBRE: 
“NÃO RESOLVER OS PROBLEMAS DOS OUTROS” 

Pe. Eduardo Delazeri

Tentar resolver os problemas dos outros pode causar muitos transtornos e ainda impedir o crescimento de quem você ama. Vamos entender melhor o porquê: 

A primeira coisa que precisamos nos dar conta é que não temos o poder de mudar ninguém além de nós mesmo, e a segunda coisa não menos importante é que, não cabe a nós resolver os problemas dos outros, muito menos julgar o que é bom ou não para eles. 

Agora, porque não está ao nosso alcance resolver os problemas dos outros, não significa que não podemos ajudar. O sentimento de satisfação que temos ao ajudar o outro é realmente muito gratificante. É a paz do dever cumprido em nosso coração, e o sorriso das pessoas ao nosso redor cria uma nuvem de positividade da qual nunca queremos nos afastar. 

Não podemos esquecer que, para ser feliz precisamos ser otimistas reconhecendo as pequenas belezas do dia a dia, assim encontramos força para enfrentar as dificuldades. 

1. As pessoas são diferentes.
Por isso, toda vez que você se pegar pensando “a vida desta pessoa seria muito melhor se…”, lembre-se de que essa é a vida dela e não a sua. Por mais que você queira ajudar, a perspectiva dela sobre o mundo é diferente da sua e projetar expectativas sobre o outro não vai ajudá-lo nem um pouco. 

2. Você não pode resolver o problema de pessoas que não querem ter seus problemas resolvidos. 
Como assim? Simples: há pessoas que, literalmente, cultivam seus problemas e se apegam a eles de tal maneira que já não consegue mais se ver sem aquele algo sobre o qual se lamentar. Quanto a você… bem, você não pode mudar ninguém. A única coisa que você pode fazer é aceitar (que dói menos, como a sabedoria popular já diz) e amar essa pessoa do jeitinho que ela é. 

3. Tentar “resgatar” alguém pode te afundar. 
E a partir do momento que você afundar em problemas que não são seus, você os transforma em seus também. Você se envolve com tanta profundidade que passa a viver em função da vida do outro, esquecendo-se de si mesmo. Resultado? Ninguém ajuda ninguém! 

4. Potencial significa “poder”, não “querer”. 
Não é porque você acha incrível a maneira como determinada pessoa se expressa que você vai tentar convencê-la de que está na profissão errada. Ou então que deveria fazer um intercâmbio. Ou que poderia abrir um novo negócio. 

Não é porque ela é muito inteligente que você tem a “obrigação de amigo” de informá-la que ela simplesmente não pode cursar uma graduação tão simples ou abandonar o mestrado ou deixar a presidência de uma grande empresa. Mais uma vez: a vida não é sua. Portanto, não cuide dela! 

5. Ajudar não significa resolver. 
Você pode, sim, ajudar um amigo(a), companheiro(a) ou familiar com uma boa conversa, demonstrando como você é grato por sua companhia, convidando-o para almoçar e até dizendo o quão especial ele(a) é na sua vida. O que você não pode é se sentir na obrigação de tomar as rédeas da vida da pessoa e organizá-la sozinho; mesmo que ela queira, mesmo que ela peça, mesmo que ela implore. 

Com essa atitude você só vai desestimulá-la a acreditar no seu próprio potencial e vai torná-la dependente de você para sempre. Se for isso o que você deseja, procure um psicólogo – isso é carência! 

6. Você não precisa que o outro seja feliz para ser feliz! 
Parece simples, mas pode ser que o seu desespero para ajudar as pessoas seja reflexo do depósito de expectativas que você coloca sobre ela. Lembre-se: você não precisa que o outro seja feliz para ser feliz! 

É claro que compartilhar alegrias é uma forma maravilhosa de viver nossas relações, mas como já sabemos felicidade não vem de fora: ela parte de dentro de nós. Se a pessoa a quem você quer ajudar não consegue ser feliz, isso é um problema dela, não seu. 

Por mais que te doa ler isso, respire fundo, olhe para dentro e simplesmente sorria sinceramente para si mesmo. Se você for capaz disso, será capaz de inspirar quem ama a ser feliz como você, e isso vale muito mais do que servir de muleta aos outros. 

7. Cuidar de si mesmo ajuda mais do que você imagina! 
E cuidar de si mesmo exige tempo e dedicação. Para dizer a verdade, até um pouquinho de egoísmo. Não adianta você varrer os seus próprios problemas para debaixo do tapete e correr na casa da comadre para lhe dar conselhos. Sua hipocrisia só vai fazer adoecer a você mesmo, ao seu amigo e à relação de vocês. 

Seja sincero, encare suas dificuldades, olhe para o seu interior e, quando tudo estiver em harmonia (não necessariamente perfeito), a sua energia positiva será o suficiente para inspirar todos ao seu redor. 

8. Problemas não são necessariamente coisas ruins. 
Eles nos ajudam a crescer e a entender que a vida não é um mar de rosas, como minha avó já dizia. É preciso ter o discernimento para perceber que merdas acontecem e que ninguém é obrigado a ser feliz o tempo inteiro. 

A partir do momento que você entender isso, perceberá que as dificuldades precisam acontecer para que nós amadureçamos e aprendamos a desapegar: afinal de contas, ao contrário do que a nossa sociedade consumista prega, nada é para sempre. 

9. Você não pode mudar as pessoas, apenas amá-las. 
Você não é melhor do que ninguém, aceite isso. Consequentemente, não pode mudar as pessoas, nem resolver seus problemas, muito menos julgar o que é bom ou não para ela. 

Se nos lembrarmos do ditado popular “cada macaco no seu galho”, podemos pensar apenas em dar uma passadinha no galho do colega para doar um pouquinho do nosso amor e voltar logo para o nosso próprio para não quebrar o de ninguém e acabar estrebuchado no chão!

MEUS FILHOS NÃO ME ESCUTAM

Muitos pais dizem que os filhos nãos os escutam mais.

Escutam sim.

Eles fingem de surdos, mas um dia, quando talvez você já nem estejam mais por perto, eles irão se lembrar dos seus conselhos.

Façamos tudo o que estiver ao nosso alcance, e deixamos o resto com Deus!

Infelizmente, a palavra de Deus incomoda a muitos que preferem viver sem limites, aborrece a muitos que escolheram um atalho achando que chegariam mais rápido à felicidade, levando uma vida desregrada e sem Deus!

Eles ignoram que longe de Deus ninguém consegue ser feliz.

Eles ignoram também que a nossa vida está dividida em duas etapas. E a menor etapa é a fase terrena. Sendo que a etapa maior, infinita e eterna, estará por vir e poderá ser no paraíso ou no inferno dependendo de como vivemos hoje.

Mas atenção não nos coloquemos na posição de juízes. O papa Francisco nos diz que devemos aceitar a nossa irmã, o nosso irmão como eles são, e no momento oportuno ir mostrando a eles a verdade de Jesus, ir semeando a Boa Semente da Palavra de Deus em seus corações.

Muitas vezes ficamos embaraçados diante da necessidade de dizer a verdade, ao nosso irmão.

Pois, tem hora que é melhor ficar calado do que magoar alguém dizendo a verdade na cara. Diz o ditado: que quem fala a verdade não merece castigo. Ou pelo menos não deveria ser castigado. Porém, a realidade nos tem revelado, que falar a verdade pode nos custar caro. E que ser sincero demais, falar ao pé da letra, pode virar falta de caridade. Ser sincero não significa jogar na cara do nosso irmão os seus defeitos.

Vamos com calma. Afinal, ser cristão, imitador de Cristo, é aceitar o irmão e a irmã com os seus defeitos, lembrando que nós também somos falhos, perdoá-los por isso, mas tentar, pelo menos tentar corrigi-los com amor fraterno.

Que a pessoa corrigida se sinta amada, assim teremos muito mais chance de ter sucesso, caos contrário não estaremos semeando a Boa Semente, mas a erva daninha da mágoa e do rancor.

Acima de tudo tenha paciência e confie na ação de Deus.

Comparando o Reino dos céus com uma minúscula semente, Jesus afirma que o crescimento do Reino, começa a partir de pequenas iniciativas, pequenos gestos, poucas palavras, e muita confiança em Deus!

Confie. As coisas acontecem na hora certa. Exatamente quando devem acontecer! Confie, nosso Deus não perde batalhas.

Há algo de muito curioso que acontece com o bambu japonês. Lança-se à terra a semente, e aparentemente não acontece nada com a semente durante os primeiros sete anos. No sétimo ano, e por um período de apenas seis semanas, a planta do bambu cresce mais de 30 metros! Durante os primeiros sete anos de aparente inatividade, este bambu esteve a gerar raízes que lhe permitirão sustentar o espantoso crescimento.

É muito comum encontrar pessoas que querem fazer mudanças rápidas nas suas vidas, e das outros, procurando soluções imediatas, sem entenderem que o êxito é o resultado de um processo de crescimento interno e que este, requer tempo.

As obras de Deus se fazem de vagar e em meio a contrariedade, mas suas raízes são mais profundas, sua flores mais lindas e seus frutas mais saborosas.

DEPENDENTE QUÍMICO: UM SER HUMANO


Alguns aspectos gerais sobre a concepção do ser humano “dependente químico”:

Acima de tudo é um ser capaz de entender, querer e decidir, mesmo considerando o abismo em que se encontra, mas com um problema a mais. Este problema se manifesta através do sintoma da dependência química mascarando, em vários níveis, a perda de autonomia e liberdade pessoal para fazer projetos, escolhas e tomar decisões. 

Mesmo com a doença manifestada conserva todas as capacidades e possibilidades de resgatar a autonomia individual, a capacidade de escolher e decidir. 

Conserva a capacidade e possibilidade de transformar a sua problemática humana em um projeto: tem a possibilidade de projetar inicialmente, e viver, depois, uma existência repleta de significados e valores. Pode, a qualquer momento, valorizar a si mesmo se descobrir o significado da sua história pessoal. 

É um ser humano confuso e ferido: está fazendo mal a si mesmo e, neste momento, é incapaz de se defender. Por isso necessita de uma ajuda externa que o acompanhe em uma nova direção e o sustente com amor e profissionalismo. 

É um ser humano sozinho, fisicamente separado dos outros, emocionalmente fechado, socialmente marginalizado que, porém, não perdeu a criatividade, a necessidade de “pertencer”, de fazer amizades e ter amor.

Um ser humano capaz de confrontar, estimar, respeitar, perdoar, de mostrar qualidades e de ter consciência. È um protagonista, digo, comunicativo e dinâmico que expressa. Muda, cresce. Desenvolve-se partindo de si mesmo em direção aos outros. 

Um ser humano feito para viver em grupo expressando sentimentos, fatos, acontecimentos para resgatar valores comuns e reduzir as tensões sociais. 

Um ser humano único e personalizado na sua dimensão familiar e social. Único porque é um ser vivo: valor máximo e transcendente a qualquer outro em sua história, que pode ser sujeito e jamais objeto, objetivo e fim, jamais instrumento e meio para conseguir algo. 

Concluindo: é uma pessoa capaz de renascer e reprojetar a própria vida em direção a autonomia e liberdade, através de um relacionamento intenso, da sua criatividade, de novas relações familiares, de sua presença ativa e dinâmica no seu grupo social.